O
termo gênero começou a ser utilizado por teóricas (os) e estudiosas (os) de
mulheres e do feminismo, no final da década de 70. Naquele momento, o movimento
feminista ressurgia com força em todo o mundo, provavelmente por influência da
onda revolucionária que percorrera a Europa, a China, a América Latina e EUA,
no final da década de 60, com os grandes movimentos estudantis e a contestação
dos papéis e comportamentos sexuais. Betty Friedan, uma das primeiras
lideranças internacionais do movimento, defende o papel do trabalho criador
para que a mulher, assim como o homem, possa encontrar-se e reconhecer-se como
ser humano. A antropóloga americana Margareth Mead destaca o peso da cultura na
determinação dos papéis sexuais e das condutas e comportamentos de homens e
mulheres.
A partir daí,
torna-se necessário um aprofundamento conceitual no tratamento dessas questões.
Surge, então, o conceito de gênero formulado por pesquisadoras de língua
inglesa, como Joan Scott e Gayle Rubin. No Brasil esta nova conceituação foi
incorporada pela comunidade acadêmica no mesmo período.
No Brasil:
Principalmente em São Paulo, mulheres de
periferia, através das comunidades da Igreja Católica reivindicam ao Estado o
atendimento das necessidades básicas como creches, melhores salários, reclamam
do custo de vida e unem-se contra a carestia. A reivindicação pelas creches era
apontado como um dos principais problemas pois as mulheres precisavam trabalhar
fora, para manter a família (Teles,1993). É claro que estas reivindicações
propiciaram não só mudanças de mentalidades como também mudanças no espaço
urbano.
“movimento de mulheres nos anos setenta trouxe uma nova versão da
mulher brasileira, que vai às ruas na defesa de seus direitos e necessidades e
que realiza enormes manifestações de denúncia de suas desigualdades”.
Os movimentos de mulheres se especificam
em relação a outros
movimentos ao proporem uma nova articulação entre a
política e a vida cotidiana, entre esfera privada, esfera social e esfera
pública. Ou seja, a mulher ao emergir da esfera
privada para reivindicar na esfera pública também torna-se visível na
esfera social, onde os limites entre o público e o privado tornam-se confusos.
O
crescimento expressivo da participação feminina no mercado de trabalho
brasileiro a partir dos anos setenta é apontado por Bruschini (1994:179) como
“uma das mais marcantes transformações sociais ocorridas no país”.
Para Celi Pinto (1992) é através dos
movimentos sociais que se constituem no interior da sociedade civil que a mulher
aparece enquanto sujeito. O movimento feminista não é necessariamente
reivindicatório, isto é, pode não se organizar a partir de demandas específicas
ao Estado. O movimento feminista constitui-se em torno de uma condição de
exclusão dispersa e onipresente.
Assim, a partir da década de oitenta
reafirma-se a necessária heterogeneidade das experiências a partir da relação
de gênero. E as pesquisas passam a apontar também o carácter relacional
entre os sexos que é construído socialmente a partir de relações de poder e
consequentemente apresentam hierarquias que conduzem à desigualdade social. Não
basta estudar as mulheres é preciso estudar as relações sociais entre os
sexos.
Os movimentos de mulheres no Brasil são
heterogêneos e não possuem uma linearidade. As diferentes abordagens para
movimentos diferentes indicam que o movimento de mulheres apresenta
diferentes matrizes. As formas de ação e os objetivos dos movimentos
variam conforme o país, a região, a classe e raça dos sujeitos atuantes.
A crise econômica e o desemprego podem ser
apontados como fatores de desmobilização. O país parece enfrentar um processo
de descrença que impede grandes mobilizações populares. Mas não podemos deixar
de mencionar que embora a mulher esteja participando ativamente no mercado de
trabalho as relações sociais ainda são marcadas por relações de gênero.
Trabalhadores e trabalhadoras são inseridos no mercado de trabalho marcados por
desigualdades atribuídas ao sexo. A diferença salarial entre homens e mulheres
que exercem a mesma função é cada vez maior no País. Em recente pesquisa o Ministério do Trabalho constatou
que as mulheres estão recebendo em média dois terços do salário dos
homens em todos os setores da economia (Ministério do Trabalho – Caged/Fat,
1996).
Os movimentos sociais abrangem, hoje,
realidades diversas. Consideramos que os movimentos de mulheres ou feministas
(que não são necessariamente compostos apenas por mulheres) tornam-se
movimentos sociais atuantes quando identificam formas de opressão que
extrapolam as relações de produção e abrangem questões mais amplas como meio ambiente
qualidade de vida, cultura patriarcal, desigualdades de gênero e outras que
questionam os paradigmas sociais vigentes.
O estudo desses movimentos apontam para
uma abordagem mais específica. Buscando a heterogeneidade através de uma
análise empírica qualitativa, identificando os sujeitos envolvidos no
movimento, suas práticas de ação e seus objetivos. O que não significa
desconsiderar as restrições estruturais e conjunturais sofridas por esses
sujeitos.
movimentos ao proporem uma nova articulação entre a
política e a vida cotidiana, entre esfera privada, esfera social e esfera
pública. Ou seja, a mulher ao emergir da esfera
privada para reivindicar na esfera pública também torna-se visível na
esfera social, onde os limites entre o público e o privado tornam-se confusos.
O
crescimento expressivo da participação feminina no mercado de trabalho
brasileiro a partir dos anos setenta é apontado por Bruschini (1994:179) como
“uma das mais marcantes transformações sociais ocorridas no país”.
Para Celi Pinto (1992) é através dos
movimentos sociais que se constituem no interior da sociedade civil que a mulher
aparece enquanto sujeito. O movimento feminista não é necessariamente
reivindicatório, isto é, pode não se organizar a partir de demandas específicas
ao Estado. O movimento feminista constitui-se em torno de uma condição de
exclusão dispersa e onipresente.
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